“E que tudo seja solvido no ar… no fino ar…”

Selvagem eu sou, eu sou!

Voar sempre motivou o ser humano em seus mais secretos sonhos a criar divindades e rituais espirituais que de alguma forma os conectasse aos pássaros, ao ar. Motivado em parte pelo seu desejo de dominar os céus ou de se conectar ao divino, o homem alimentou uma infinidade de lendas que sobreviveram desde tempos imemoriais, em que a paixão, o mito e o possível se uniram ao ancestral fascínio de ver o mundo de cima. Esse ímpeto natural para ‘voar além’ do real, do físico, nos levou a colonizar todas as partes do globo, nos levou aos céus e depois ao espaço.

O Pássaro de Fogo é uma exposição multimídia inspirada num apanhado de vivências e informações colhidas por mim durante toda a minha vida. Mergulhando nos mitos e arquétipos antigos, pesquisei fábulas comuns em várias culturas sobre uma famosa ave dourada que é, ao mesmo tempo, uma benção e um pesar para quem a possui. Na Rússia, na cultura viking, na xamânica siberiana, na Grécia, no Egito, no medievalismo nordestino e até mesmo na cultura tupi, este pássaro é constante em lendas e mitos. Dessa forma, me apropriei de todo esse universo lendário e mitológico para criar ricas obras que se conectarão à visão dos homens durante os últimos 10 mil anos sobre as aves, à sua influência no cotidiano das civilizações antigas, ao sonho de voar, às aves hoje ameaçadas de extinção, ao contrabando de animais e à relação com as cidades atuais, fazendo paralelos até mesmo com a colonização espacial e a exobiologia.

No âmago das raízes:

Meu velho avô dizia: “só se morre quando se é esquecido”. Essa máxima sempre aparece em meus pensamentos vez ou outra. E para não esquecer o que sou, o que carrego comigo nas veias, e como forma de homenagear meus ancestrais que tanto me deixaram, usei minhas memórias, histórias e tradições herdadas como parte do combustível para realizar essa exposição. Um verdadeiro mergulho ao meu passado, a tudo que li, minhas origens, ao sangue de tantas culturas e povos que correm em minhas veias. Nasci e cresci no interior do Rio Grande do Norte, em um lar muito rico culturalmente, onde um avô introduzia parte de uma cultura do leste europeu (tcheco e fino-russo) levemente modificada pelos anos já vividos no Brasil. De outro lado, uma bisavó indígena, uma espécie de xamã, de origem potiguara, mãe de uma avó que mais parece uma eterna rainha do carnaval. Não sou branco, não sou negro, não sou índio, sou um mestiço e celebro cada partícula do DNA herdada de cada um desses povos.

Minha bisavó Nazaré, de origem indígena siberiana, contava uma história sobre “os outros”, “o povo do mato”, que não era gente e nem bicho. Eles eram seres entre os espaços, entre nós e os outros animais. Saber dessa lenda sempre me instigou a imaginar tais criaturas, um elo metamorfoseado, que sempre pareceu o “pé grande brasileiro”, ou, ainda, alguma outra espécie de hominídeo que teria sobrevivido no imaginário secular desses povos. Minha bisavó contava ainda que num passado distante os animais falavam com os humanos, mas que nós começamos a nos sentir melhores que os animais e a lhes fazer muito mal, por isso deixaram de falar conosco, só o “povo do mato” mantinha essa habilidade de comunicação. Essa mesma bisavó curava pessoas com magicas porções e rezas, cultivava alimentos e era uma líder natural, uma mulher forte nascida no distante ano de 1901. Foi ela que me ensinou a esculpir e modelar na argila.

Essas histórias sempre se conectaram, com impressionante naturalidade, a rituais gastronômicos eslavos, geralmente celebrados na páscoa do meu avô João, com uma série de tradições herdadas da sua mãe Kalinka, nascida ainda no século XIX. Kalinka também era uma mulher forte, de profundos olhos azuis à frente de seu tempo, costurava ternos para homens, o que a fez sofrer grande discriminação nos anos 20. Sabia fabricar vinagre, e seus mingaus de aveia grossos (owsianka) continuam vivos nas mesas de nossa família. Cresci entre kraslices (tradicionais ovos pintados à mão durante a páscoa), comidas diferentes à base de vinagre e revistas da National Geographic que me apresentavam o mundo naquele pobre e solitário lugar em que eu vivia no interior do nordeste brasileiro. Meu avô, meu maior amigo, incentivador na arte e exemplo, um gigante de dignidade inabalável, um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial que tinha um café e que se casou com minha avó Bastinha (filha da bisavó xamã), minha eterna rainha dos universos lúdicos, sempre disposta a montar alguma festa à fantasia ou a criar motivos para celebrar, minha maior inspiração de alegria e vitalidade. Para ela o real e o mítico estão atados no mais benevolente abraço. E por que não achar que ela tem razão? Eu a sigo e compartilho dessa visão, sendo o mais fiel vassalo de seus sonhos e planos secretos! De todos os citados acima, ela é a única que permanece viva e forte aos 83 anos, junto com meus tios-avós: Margarida, Jorge e Pureza. Minha tribo secreta!

Outras referências:

Além dessa forte inspiração familiar, minha intenção foi encontrar conexões (por meio da música, mitos e arte visual) entre povos primitivos de várias regiões do mundo, como se fosse possível encontrar vestígios da “civilização antes da civilização”, quando éramos muito mais parecidos e compartilhávamos arquétipos em comum. Fazendo um paralelo entre a ciência, a música, as danças tribais, o espaço, a música clássica do compositor russo Igor Stravinsky, a opressões de governos e as muitas e constantes violações das liberdades individuais em todo o mundo.

No leste europeu O Pássaro de Fogo é uma metáfora, uma deliciosa anarquia, sobre uma brilhante ave que é ao mesmo tempo uma bênção e uma desgraça, uma glória e um pesar para seu raptor. Um ser mágico de uma terra muito distante que guarda um pomar de maçãs sagradas com propriedades mágicas. Suas penas brilham intensamente mesmo depois de retiradas. Comunica-se com os humanos, orientando e aconselhando-os, mas pode lançar ilusões em quem ele não considera honrado. Nasce no outono e morre na primavera. Sua aparência é geralmente de um tipo de pavão dourado, com suas maçãs rejuvenescedoras, que podem, por sua vez, serem comparadas com os frutos de árvores da romã – a iguaria favorita da Fênix, um arquétipo grego do mesmo mito.

Minhas inspirações e pesquisas não ficaram reclusas aos mitos do pássaro de fogo, mas se expandiram a todo o universo de mitos e lendas envolvendo aves em todo o mundo, desde pinturas das cavernas de 10 mil anos, até o arquétipo de aves de fogo que se manifesta em diferentes culturas ao redor do globo, sobretudo na Eurásia e Novo Mundo.

Para os indígenas brasileiros existe a lenda de Yorixiriamori, um deus da mitologia Ianomâmi, presente no mito da árvore cantante. Um deus estranho que encantava as mulheres pelo seu belo canto, o que despertou a inveja dos homens, que tentaram assassina-lo. Yorishiriamori então adquiriu a forma de um pássaro de fogo dourado e fugiu. Com ele a árvore cantante foi-se da Terra para sempre. Existe ainda a lenda de amor entre Guaraci (tribo Temiminó) e a índia Jaciara (tribo dos Botocudos), que são separados e transformados em montanhas, seu único mensageiro é um pássaro de fogo que uma vez ao ano cruza os céus aproximando os amantes.

Para os vikings, os corvos Huginn e Muninn são os olhos de Odin pelo mundo, para os egípcios Nekhbet é uma deusa abutre ligada à proteção, para os índios norte-americanos, celtas, africanos e siberianos os pássaros são espíritos encarnados, mensageiros de outros mundos ou ainda observadores de deuses.  Nosso fascínio talvez se justifique porque sempre os conectamos ao divino, ao mágico e ao inatingível, é possível que isso seja motivado justamente pela nossa eterna frustação por não voarmos por conta própria.

Como se não bastassem mitos e lendas, desenvolvemos as primeiras maquinas de voar inspiradas nos pássaros e até hoje os aviões são um exemplo claro. Agora, mais de 100 anos após a conquista dos céus com a invenção do primeiro avião, vamos “voando” explorar os confins do universo, vasculhando por vestígios de outros seres como nós e até mesmo colonizar novos planetas. O homem deu seu jeito de voar.

Observei também que o que existe de incomum entre animais ameaçados de extinção, lugares de natureza vasta e intocada e os povos ancestrais é que eles estão desaparecendo em todo o mundo.  A liberdade de existir, e de existir livre, é para mim um dos conceitos mais imutáveis e inquestionáveis, não se pode ser meio livre e entendo que ser livre é um bem que jamais deve ser esquecido ou subestimado, ao mesmo tempo em que a liberdade plena evoca uma série de responsabilidades para uma espécie que possui o status de dominante como a nossa.

Portanto é uma exposição que envolve muitas questões complexas, temas que são complexos à humanidade e que muitas vezes fugimos por medo de onde nossos pensamentos nos levariam como: a vida fora da terra, a morte, o lado mais selvagem do homem e nossos instintos. Temas que certamente instigarão os observadores e visitantes. Utilizei-me ao máximo do Gesamtkunstwerk, o conceito de obra de arte total, geralmente atribuído ao compositor alemão Wagner onde o artista se utiliza de diversos suportes. O termo refere-se à união da música, teatro, cantos, dança e arte visual em uma única obra de arte. Criando a “obra de arte total”. A utilização dos multi-suportes em meu trabalho é uma forma de aquietar meu instinto criativo que não vê diferença entre pintura ou escultura, pois ancestralmente existe em mim apenas o forte desejo de subverter a realidade e criar arte.

O Pássaro de Fogo é tão pessoal e selvagem que dói! É grande parte do que sou e penso. Então… que tudo seja solvido no ar, no fino ar…! E que comece o ritual!

Thiago Cóstackz

 

Página 8:

Gravura de Ivan Bilibin, 1899

Em uma noite de sono, sem lua, acordei em uma aldeia, névoa, casas de madeira, frio e azul por todos os lados. A fria luz da manhã trouxe meu avô, que silencioso me ajudara no despertar e convida-me para conhecer uma velha tecelã, ele não me apresentou assim, mas ela parecia sua mãe. Pessoas a fitavam curiosas, dedos rápidos, olhar de lago solene em meio às montanhas, havia uma lenda de que suas rendas traziam a sorte e que diziam algo sobre os futuros. Deixamos a velha, estamos agora de frente a um templo. Meu avô me abandona e solta meus dedos como se eu sentisse cada partícula da separação. Diante de mim, sombrio, misterioso e levemente em decadência, como a maioria dos templos, eu penetrei. Dentro dele, sem pessoas, cores difusas, bancos de outras eras, havia ao centro um sacerdote aparentemente cego, braços estendidos como uma divindade que me ofertava duas imagens: A primeira, à minha direita uma gaiola coberta com um pano de veludo roxo, dentro um majestoso pássaro de fogo, no outro extremo, à esquerda, uma cena de luta me apresentava dois cadáveres de pássaros grandes, mortos com as asas abertas e membros para cima. Em um deles havia um ovo, metade fora, metade ainda dentro da criatura. E então eu acordei…

Página 10:

 

“Vida e Morte” – Acrílico sobre tela 130cm x 80cm – Art Cóstackz

Luta, Vida e Morte.

Por noites gritos Craaa craaaa craaa
Por dias golpes Craaa craa
Por séculos desigualdade no combate Craaa craaaa
Por minutos indiferença ao oponente Craaa
Por um segundo a existência escapa Craaa
Agora nem lembramos o motivo…

Página 12:

“Xamã e Corvo da Tempestade” – Shaman the raven of the storm. / Performance.

Lá na esquina, no farol das dunas do elefante…

Dizem que havia um circo, vinagre, índios, feitiços, um dente de ouro, uma rainha, 12 abacaxis numa mão e um negro caçado até a morte. Havia pessoas de longe que cruzaram oceanos, havia pessoas da terra! Tão velhas quanto a mais escura e forte terra. Suas mãos contavam histórias, os olhos tinham muitas cores e cicatrizes, ninguém era igual, alguns vinham de outras eras, de outros mundos, mas eu entendia o que elas diziam como se os anos não importassem e as almas pudessem apenas aproveitar o breve tempo que teriam juntas. De uns eu só conheci as sombras, de outros o peso da mão, das palavras que fazem sangrar mitos de guerra, fome de tempos, ameaças e o silêncio das histórias não contadas que se mesclavam com o forte barulho de um lugar na esquina dos trópicos. A esperança vinha de janelas de papel, sombras de um mundo até então imaginado. As casas eram baixas, elas cresceram com os anos, e as árvores diminuíram assim como as crianças. Alguns partiram, outros continuam lá… Eu continuo lembrando deles e seguindo suas palavras, alguns eu sigo até a alma! Eu sou parte deles e eles são parte de mim. E mesmo quando eu não posso estar entre eles eu sinto seu beijo no vento. E se um dia o amor me pedir para escolher… pobre e solitário se tornará.

 

Página 14:

“Xamã e Corvo da Tempestade” – Shaman the raven of the storm. / Performance.

 

O Povo Antigo!

Eu sou meus ancestrais e eles são eu.
Eu estou neles e eles sempre estão comigo, pois vivem dentro de mim.
Eu sou o povo antigo e o povo antigo sou eu.
Eu já vivi neles e eles hoje vivem dentro de mim.

Página 16:

“Xamã e Corvo da Tempestade” – Shaman the raven of the storm. / Performance.

 

Que comece o ritual…!

Página 18:

Cabeça…

Em meus sonhos….
eu acordo com uma cabeça de pássaro em minhas mãos, ela me deixa exausto, queima minhas mãos, mas eu não consigo abandoná-la. Ela sai de meu sonho, enquanto eu tento voltar pro sonho, talvez agora nós dois fiquemos juntos… presos entre os espaços.

Página 20:

“Black Bird” / Performance.

Black Bird

Tão misterioso quanto a poesia dos tempos encontrando o além, ele chegou. Sem deuses, sem guardiões, sem demônios. Livre e senhor de si, livre e senhor das próprias sombras, livre e senhor dos dias, das horas e da poeira cósmica que guardo em mim.

Livre como a morte, o pensamento e a memória. Livre como o despertar desimpedido do solitário. Quando se nasce escuro e selvagem a noite é a moradia mais silenciosa.

Tão misterioso quanto a poesia dos tempos encontrando o além, ele chegou. Em noites onde a lua abandona o céu, seu brilho é perceptível, porém discreto em meio à escuridão. Ele mais parece parte dela e quando ela desafia a luz ele a aprisiona em sua pele.

Muitos julgam se tem uma alma, alguma serventia, algum talento. Rouba da morte, engana a luz, mata a escuridão e às vezes grita craaa

Eu vejo o negro, escuro. Minha pele é roupa!

Dedilhados entre asas, feitiço dos tempos, eu vejo porque sou o que se passou nos séculos.

Eu sou um sobrevivente, eu vim da terra do fogo, mas, também, do mar verde e das imaginárias montanhas geladas. Disseram-me não, chutaram meu rosto e me cortaram as asas. Mas mesmo que os espíritos do ar tivessem fechado os caminhos, eu teria seguido. A salvação não estava lá, deuses não estavam lá. Um grito de salvação na terra do fogo! Eu sou a energia do fogo e a dureza da água. Eu tenho energia, estou vivo.

Página 22:

“Huginn e Muninn – Memória e Pensamento / Performance. Art Cóstackz.

Página 24:

“Black Dancing” / Performance by Costackz.

O Espectro do Fogo!

Ele dança sobre o ar, Solto no ar, escravo do ar…
Selvagem como o nada e indomável como as forças profundas da Terra.
Ele não tem nome, mas arde como o âmago dos mais fortes.
Desafia o gelo, mas o teme e compartilha o ancestral medo das rochas que um dia foram fogo.
Ele é claro como a manhã, domina a criação, transforma e renasce para depois morrer, assim como também morreríamos por falta de ar. Tornando-se um espectro cinza de si mesmo.

Página 26:

“Vênus Boy” / Performance. Art Cóstackz

Vênus Boy

 Horizonte vermelho, eu queimo. Sou um pássaro vermelho implacável, uma tempestade de chamas que agita distante condenada a dançar pela eternidade. Um espírito laranja do ar quente da terra de fogo, do chão sem chão, da superfície ilusória. Guardo o amor no nome, o inferno em meu horizonte. Minha sepultura solitária são minhas chamas, que me fazem renascer com o beijo de cupido, doce gás mortal de Vênus.

 

Página 28:

A Saga da Asa

Página 30:

“O Espectro da Asa”, intervenção com escultura de espelho e vidro. Instalada nos desertos de dunas de Rio do Fogo/RN. “The Specter of the Wing”, intervention with sculpture of mirror and glass.

O Espectro da Asa!

Dois espectros, duas chamas antigas. Uma montanha, um voo torto. Uma asa cintilante, outra escondida. Um desejo de permanência, uma vontade de abandono. Uma asa escondida, outra de navalhas. Uma alma em áscua, um corpo em ânsia  profunda por toques. Marcas mentais de um olho no futuro, sonhos no passado. Uma asa no céu, um olho no nada. Um sonho no homem, uma vontade de abandono. Um pé no espaço, uma mente na Terra (no chão).

Página 34:

“Voo torto” intervenção com escultura de espelho e vidro. Instalada nos campos de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte / “Flying crooked” intervention with sculpture of mirror and glass.

Acrobacia

Emaranhado em dúvidas, parte rumo ao firmamento, a asa dói, a terra parece distante.
Sem saber onde o vento o leva, ele segue sem domínio espacial de sua presença no ar.
Ele reflete o destino e para no ar desafiando a gravidade em meio ao nada, a si mesmo e à politica local.
A desaceleração lhe trás profunda confusão mental, desorienta o real sentido do voo e passa a observar hipnotizado um misterioso magnetismo que o leva rumo ao norte.

Tentáculos e Negros Cearás

Eu sempre imaginei voar sobre montanhas, mas cresci num vale. Terra baixa onde se erguem pináculos doces e verdes dos dois lados da estrada de terra cinza como restos de brasa, ruínas de outrora evocam prosperidade e horror, o ar mascavo encontra um rio sereno que refresca asas ao encontrar a solidão de um campo onde só floresce o silêncio. O céu… ah, o céu, esse aqui domina como se ele fosse a terra, o lar.

Sepulturas rachadas, serpentes e palmeiras misteriosas com troncos escuros, como se cada ser da terra que ali viveu tivesse encontrado um lar para sua alma. Elas nos encaram enfileiradas com uma certa distância inconstante entre si.

Chuva de pó preto sobre telhados de terracota, discursos em fac-símile que se conectam a ninhos violados. Capatazes algozes de sonhos sobrevivem da violação da terra e de ventres virginais que ainda nem nasceram. Monocultura que mantem o mono modus.

Os caminhos sempre se dividem pela estrada enquanto um pássaro negro e uma solitária mariposa ajudam o irromper com o silêncio dos ventos sobre o vazio.

Na colina que se ergue solene sobre o vale vive o feiticeiro, solitário em sua torre de rocha, eis Shangri-la, cercada de elementais, imaginários ou não, posso afirmar que eles sempre estarão lá.

E quando eu, agora um ser das terras altas, volto ao vale, o tempo mais parece que sofreu o efeito do sono de medusa.  Tudo continua, até mesmo a implacável saudade dessa terra e a assombrosa sensação de não mais pertencimento. Eis o vale onde me junto a um carcará e um falcão, num crepúsculo insólito e cosmicamente orgástico.

Página 38:

Decolagem!

“Decolagem” – “Take-off”. Art by Cóstackz

Página 40:

“A Chegada” – “The Arrival”. Acrílico sobre tela by Cóstackz

A Chegada!

Em uma noite de abril, como um pássaro de fogo nos céus, eles chegaram. E nosso maior medo é que eles se pareçam conosco. Em um campo, afastado dos grandes homens, uma forma jamais vista aterroriza apenas por lá estar. Temem nossa aproximação? Podem se defender de nós?

Embora muitos digam que sim, sua chegada não foi anunciada, pelo menos não a todos. A maioria de nos achava que estávamos sozinhos. O orgulho humano sempre se sustentou nos seus livros sagrados para colocar-lhes como especiais frente a tudo, até mesmo ao universo.

Temos medo!
A grande questão, se eles seriam hostis ou benevolentes. Como enfrentaram a adolescência tecnológica sem se autodestruírem e aqui chegaram? Será que vieram sabendo de nós? Será que foi premeditado? Eles nos observavam antes que pudéssemos saber? Ou foi tudo uma surpresa de um cruzeiro intergaláctico? Será que nos ouviam, ouviram nossos sinais? Nossos rastros no espaço? Eles são alguns dos muitos que chegarão? São únicos? Existem outros? Eles se visitam?

Temos medo e fascínio!

Misantropos comemoram a chegada, clérigos custam a admitir o óbvio, governos, com doçura e cuidado, admitem sua ineficiência frente aos visitantes.

Temos medo e dúvida!

Experimentaram a evolução? Ou foram criados? Somos primos distantes? Temos um ancestral em comum? Ou eles nem mesmo possuem um DNA? Existe um deus? Conceitos de Bem e mal? Ajudam-se quando necessário? Sua moral se parece com a nossa? Olharão para nós como superiores às outras formas de vida da Terra?

Sabemos como algo assim pode acabar… já fizemos isso antes durante nosso contato com sociedades que julgamos inferiores. Com que se parecem, o que querem? Vieram livrar os outros de nós? Passam-se os dias mais longos da humanidade. As incertezas nunca foram tão diabólicas.

Mas, em uma manhã, imóveis e silenciosos eles sobem…

Não vimos suas formas, sua biologia não nos foi revelada, não nos disseram “levem-nos a seu líder”, não dispararam armas, tampouco sorriram. Agiram com um dos sentimentos que mais poderiam enfurecer os humanos: indiferença e silêncio. Foram embora tão silenciosos como chegaram. Se um dia voltarão… não sabemos. Mas… infinitas questões e infinitas possibilidades residem nessa chegada.

Eles podem voltar e nosso maior medo é que eles se pareçam conosco.

“Invasão e Retomada” – “Invasion and Resumption”. Acrílico sobre tela by Cóstackz.

“Invasão e retomada”

Eles saíram das sombras da terra, do ar e das águas, não vieram de fora, estavam aqui antes de nós. Mas nós os enganamos, os aprisionamos, os testamos e os devoramos como se fossem uma macabra propriedade. Nunca nos perguntamos de quem era à posse do lugar, nunca nos perguntamos se eles deveriam ser livres ou se tinham uma alma. Um dia, eles resolveram não mais falar conosco, um pacto de silêncio tão antigo que os tempos nos fizeram esquecer suas vozes. Quando os outros chegaram, irrompendo os céus como pássaros de fogo, nós estávamos entre eles e os visitantes, que se uniram para nos exterminar como se nós fôssemos o pus que contamina o fungo e que infecta a mucosa. E então eles retomaram a Terra. Mas… não nos expulsaram e não nos mataram. Eles nos deixaram aqui, mas as regras, as nossas arrogantes regras, essas morreram. Tudo foi invasão e retomada.

Página 46:

Govern!

“Governo Democrático” / Democratic Govern. Performance by Cóstackz

Saga – No reino de Kashei

A prisão do tempo…
Do templo, Da fera, Do homem,
Do macho, Do livre, do solto,
Do capturado, do traficado,
Do enjaulado, do morto.
A prisão do tempo…
Presa no tempo
Da prisão do templo.

“Saga – No Reino Encantado de Kashei” – “Saga – In the Enchanted Kingdom of Kashei” / Performance by Cóstackz

“Cativeiro” – “Captivity” / Performance by Cóstackz

“Aplauso” – Applause / Performance.

Página 54:

“Yorixiriamori – O Pássaro Feio” / Yorixiriamori Ugly bird. / Performance.

Yorixiriamori!

Silêncio, um bico rompe o barulho e quebra o ovo.
Salta dele uma estranha criatura, biologia desconhecida, olhos tortos, cor diferente, penugem estranha.
Sexo indefinido, sua única asa é torta, não abre. Sentirá ele o beijo do vento em seu rosto?
Não sei se nasce livre, mas certamente já ameaçado.
Olhe para as altas torres e escondido entre o lucro e o tédio: nasce um pássaro feio.

Parem os rituais, garanto-lhes que um pássaro nasceu!
Não no céu, tampouco no chão, veio ao mundo numa árvore, raízes cimentadas, braços limitados por lâminas assassinas.
Solitário e inseguro, sua voz não é bonita, mas ainda assim é uma voz.
Gostem ou não, garanto-lhes que criaturas assim existiram e outras sempre existirão.
Ele rompe com os padrões, o nojo, as leis, os dogmas e o ódio.
Ninguém o percebe, ele é feio… Mas é realmente um pássaro.

      

“Yorixiriamori – O Pássaro Feio” / Yorixiriamori Ugly bird. / Performance.

Página 58:

Sarcófago de Ave Tupi!

Demarcação Indígena! 

“Demarcação Indígena” – Indigenous Demarcation / Performance.

Página 62:

Resistência e Nascimento!

Totens: “Resistência e Nascimento” – “Resistance and Birth”. Esculturas de porcelana e ceramica. Art by Cóstackz.

Kraslice Cóstackiana (o ovo Cóstackiano!)

“Ovo Alien” – “Alien Egg” – Escultura de porcelana. Art by Cóstackz.

Repouso in Tupiland!

“Resting in Tupiland”. Esculturas de porcelana. Art by Cóstackz.

Página 66:

Cabeça de Pássaro Branco

Escultura de porcelana. Art by Cóstackz

Cabeça de Pássaro Negro

Escultura de porcelana. Art by Cóstackz

página 68:

“Nike, a deusa da vitória derrota a serpente do conservadorismo” / Nike goddess, defeat the serpent of conservatism. Performance by Cóstackz.

Página 70:

“Ritual, Shadows and Fire”

Selvagem eu sou, eu sou
Enfeitiçado eu estou, eu estou
A montanha me chama
A tempestade me desafia
E eu deixo a cidade de fogo para trás
Minhas asas se movem
e o vento beija meu rosto
com um toque de benevolência

Eu ouço o sangue que corre em minhas veias
Como se deuses e demônios me desafiassem
E com raios eu os fizesse solvidos no ar, no fino ar…

Eu me joguei um feitiço
E aprisionei minha liberdade à minha alma, à minha alma
Livre e solto no ar…
Desafiando florestas e mares
Uma potente força
Um dínamo de desobediência

Sombras e fogo
Sombras e fogo
Sombras de minha tempestade de fogo…

Eu estou morrendo
E algo nasce do meu ventre escuro
No centro da galáxia
Como uma vagina benevolente
Num universo paralelo

Sombras e fogo
Sombras e fogo

Este é o sacrifício selvagem final
O sacrifício final…
O sopro do sonho que termina
Tupi, Tupi, Tupi… Tupã.

“Selvagem eu sou! Eu sou!” – Wild I am, I am. Performance by Cóstackz.

Créditos Música:

Lyrics – Thiago Cóstackz
Music – Hjörvar Hjörleifsson
Music Collaboration – Thiago Cóstackz
Sound mixing and mastering – Haffi Tempo
Music production – Hrafn Thoroddsen and Hjörvar Hjörleifsson

 

Página 103:

“No futuro, eu vos digo, alguém se lembrará de nós…”
Safo – Lesbos, Grécia VI – a.C

 

FIM

 

 

Prefácio e texto de curadoria:

No princípio foi um sonho. E, como indicam as pesquisas de Carl Jung e os textos de Joseph Campbell, nossa imaginação, nossas curiosidades profundas e a mãe de nossos sonhos são a mistura de mitos tão antigos, não raro desconhecidos, que quando somos colocados diante dos ciclopes, dos corvos de Odin e das cosmogonias que nem sequer conhecemos somos colocados diante do espelho. Às vezes o que vemos nos causa encanto, às vezes medo. Então, faça como Magenta, de The Rocky Horror Picture Show, e clame: “Oh, fantasia, me liberte”, se tiver coragem.

Eis O Pássaro de Fogo, de Thiago Cóstackz, um dos artistas contemporâneos mais imaginativos, inquietos, engajados e provocativos do momento. Camaleônico como David Bowie e irônico como ABBA, B-52’s e Rita Lee. Aqui ele recria e expande as variáveis mágicas do mito do pássaro fogo e o expõe, pulsante e vivo diante dos seus olhos, te convidando a embarcar no neon de suas asas. Suas infinitas possibilidades habitam as paredes desta exposição multimídia, desde as mitológicas (sejam embebidas no xamanismo siberiano – fonte das culturas nativo-americanas, presentes aqui também – sejam nos deuses e símbolos imemoriais), passando pelo espantoso balé de Igor Stravinsky, até espaçonaves vivas que fariam Isaac Asimov e Carl Sagan vibrarem uníssonos. E o que o Pássaro de Fogo aqui pede de você? Que plugue sua verdade mais íntima e individual em alguma das suas penas douradas.

Thiago Cóstackz, a cada novo projeto, impressiona pelo número de suportes de que se utiliza. Aqui não é diferente. O Pássaro de Fogo é o seu trabalho que mais se aproxima da ideia de “obra de arte total” (Gesamtkunstwerk) ao escrever letras que cria para o duo formado por ele e o músico islandês Hjörvar Hjörleifsson, com quem compôs as músicas – e criar clipe para completar a exposição multimídia. As pinturas e body arts de Cóstackz constroem narrativas psicodélicas, surreais, críticas e vibrantes. Suas esculturas dão prosseguimento à técnica de Lucca e Andrea Della Robbia subvertendo-a ao aproxima-la dos velhos totens tribais, de elementos da natureza, de símbolos incorporados à cultura de massa e de novas figuras exóticas próximas à ficção científica. As músicas convocam à ação e criam imagens, desafiam quem lê suas letras e se permite ser seduzido pelo seu som. Os clipes roteirizados, dirigidos e interpretados pelo próprio Thiago Cóstackz, unem sua experiência como artista plástico e ambientalista ao universo mitológico imemorial que aprendeu com seus antepassados e que eles aprenderam com os antepassados deles desde suas origens ameríndias, eurasianas e africanas. O livro, enfim, une poesias ricas em imagens a fotos cuja sequência cria uma coesão narrativa. O Pássaro de Fogo é sua exposição mais pessoal. O artista está aqui pleno.

Por ser um artista multimídia e conceitual, Cóstackz não fica preso a um só suporte. São os conceitos e filosofias que o fazem escolher a estrutura. Um exemplo são seus body arts, nos quais se vale do próprio corpo como matéria prima, como acessório da Arte, e não como algo a se esconder. O corpo nos body arts de Cóstackz é instrumento para romper os conservadorismos de forma, de conteúdo e principalmente de costumes. A exposição O Pássaro de Fogo é multifacetada como o pássaro no body art Black Dancing. Cada um de seus suportes é realizado valendo-se das tecnologias de materiais mais recentes e ecologicamente conscientes associadas a releituras de técnicas artísticas, como a estética da Renascença, e tem sua construção conceitual imersa no Humanismo. O resultado é um trabalho atento aos grandes temas, sarcástico, denso e profundo, ora a serviço do macabro, ora da beleza. Não por acaso Thiago Cóstackz sempre menciona aquela a quem Platão chama de décima musa, Safo de Lesbos, e uma de suas frases mais célebres: “à beleza servi e não conheço nada maior”.

Cada personagem, planta, OVNI, ovo, o prédio de cada uma de suas cidades passa alguma mensagem e cumpre papel estético e narrativo em que o Belo é redefinido e reencontrado em afronta àqueles que se contrapõem à vida, ao novo, à elevação da evolução. Cóstáckz reafirma com seu trabalho o fato de que a arte pop envolve reflexão constante. Todos os pássaros de fogo, dos discos voadores às aves mitológicas saem juntos de seus esconderijos estrelados, ora cúmplices, ora inimigos, todos fundidos em um grande voo a partir do ovo.

Outra característica da arte pop é que, não importando em qual linguagem ou mídia, não faz reverências às vacas sagradas, nem se obriga a renega-las. Bebe de suas tetas e transubstancia seu leite em algo inesperado. Cóstackz brinca com o divino reconstruindo ícones do passado, não cede aos símbolos imagéticos tradicionais, nem se presta a qualquer compromisso com o banal. Ele elabora um todo exclusivo que parte de sua mitologia pessoal e de suas referências. Além das histórias ancestrais que ouviu, sua arte é influenciada por suas pesquisas no campo das ciências, em especial da astrofísica e exobiologia. Como artista também se ocupa de  pesquisa constante e profunda de materiais, desde lojas do Covent Garden, em Londres, às caçambas de lixo do Brás.

Com sua obra, e nesta exposição em especial, ele dá aos vasos sacrificiais uma conexão em alta velocidade com os signos de comunicação imediata sem tropeçar no óbvio. Bebe no enfrentamento do rock, nos questionamentos humanistas, na criticidade da literatura de autores como Franz Kafka, na confusão calculada de Bosch e de Bruegel, celebra o dourado de Gustave Klimt. Transforma antigos mitos e ícones, somados a novas percepções, em um carteado pictórico que atrai a curiosidade própria das histórias contadas em torno das fogueiras – origem de todos nós que sonhamos.

Thiago Cóstackz une em seus quadros e em seus body arts técnicas de pintura, colagem e narrativa visual, revisa a perspectiva tonal, desafia a lógica tanto quanto possível e constrói imagens com precisão matemática a ponto de muitas de suas pinturas poderem ser divididas ao meio, tendo-se, assim, duas peças completas, harmônicas, semelhantes, quando não iguais. Cóstackz se coloca o tempo todo em desafio na busca da simetria matemática de forma quase obsessiva. Isso é resultado de anos de estudo, experimentação e do espírito desbravador que nos faz avançar a todos. Cada linha, cada repetição de camada é estudado em favor da estética aliada ao conceito, sem didatismos desnecessários ou academicismos herméticos.

Suas cidades são parte do meio ambiente e não à parte dele. Os eventos inseridos nelas une espanto e encanto. O espaço campal, seja nos quadros, fotos ou clipes, aprofunda todo o mistério soberano da natureza nativa que inspiram as verdades xamânicas, mães unificadoras de todos os povos da terra, e carregam aqueles que se permitem se colocar em contato com esse ambiente. Cóstackz glorifica o inusitado com êxito e lhe enche de conteúdo.

Assim como Roy Lichtenstein deu, com a qualidade de seu trabalho associada às possibilidades da cultura pop de seu tempo, à estética das histórias em quadrinhos a força digna das exposições de arte, Thiago Cóstackz dá um novo passo no universo gráfico próximo a nomes como o de Moebius e adiciona a perspectiva das artes plásticas às grandes causas, ao pop e aos arquétipos ancestrais que reverberam hoje. Cada peça sua é como uma das vacas profanas cantadas por Gal Costa pondo seus cornos pra fora e acima da manada. Algo próprio de quem, como diz a música, respeita muito suas lágrimas e mais ainda sua risada. É arte pulsando vívida diante de seus olhos.

Desde que se tem registro das artes plásticas e da narrativas, é percebido que quanto mais ampla a cosmovisão do artista e sua capacidade de unir elementos que a compõem, mais surpreendente é o resultado (no tempo de sua criação e para as gerações seguintes). Das pinturas rupestres às Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, amplitude e fusão, juntos, rendem os melhores resultados criativos. Tem-se, ao menos, dois exemplos disso nesta exposição multimídia.

Primeiro, o olhar sobre diversas culturas, a começar pelas indígenas. Ao transformar o universo indígena em totens e esculturas de porcelana, ele encontrou um caminho de sofisticação para a sobrevivência de culturas que somem diante dos olhos. A cultura indígena aqui não é abordada de modo apartado, mas unida ao todo. O universo indigenista tem uma riqueza arquetípica e um glamour ainda pouco utilizada no Brasil. A exposição O Pássaro de Fogo ajuda a diminuir essa lacuna e mostra suas ligações com outros universos, a exemplo do nórdico e dos povos primitivos da Sibéria. Ele atinge isso pela sensibilidade de perceber que nós estamos nos mitos e os mitos estão em cada um de nós. O Brasil é um dos raros lugares que conseguem unir muitas realidades arquetípicas em um só indivíduo. Isso pode ser visto aqui. Raramente, porém, as mitologias indígenas são contempladas nos livros e exposições brasileiras. Essa ausência não ocorre no O Pássaro de Fogo, muito ao contrário.

No princípio foi um sonho. Um sonho com dois pássaros mortos em batalha que deu vida a um universo criativo tão novo e avançado quanto ancestral que, a despeito da imensidão de referências, nunca vai para trás, sempre adiante, que não se conforma com a realidade estabelecida nem com o conforto dos próprio êxitos pessoais do passado. Ele se vale de um dos fundamentos existenciais mais preciosos da arte: provocar, instigar.

 

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Créditos:

Concepção Artística: Thiago Cóstackz
Projeto Gráfico: Patricia Buglian | Irmãs de Criação
Revisor de Texto: Anttônio Amoedo
Fotos de Body Art e Performances: Lienio Medeiros e Fujocka Creative Images
Colaboração Especial: José Fujocka, Renata de Paula e Anderson Torres
Fotos do Espaço da Mostra e da Intervenção “A Saga da Asa”: Thiago Cóstackz
Fotos de Esculturas, Natureza Salvia Alma e Making of: Patrícia Alves
Produção: Ana Gabriela Cóstackz e Felipe Cavalheiro
Vídeo: Fernando Vitolo / Younik
Hair: Kazuo hair design & beauty
Colaborador Estético e Corporal: Espaçolaser
Apoio Gastronômico: Gita Make My Cake
Consultoria Jurídica: Barbara Moreira

*Todas as imagens deste livro são de propriedade intelectual de: Thiago Cóstackz

Agradecimentos de Thiago Cóstackz:

Calvin Klein e equipe, Dudalina e equipe, Maison Alexandrine e equipe, Dinho Batista,
Alexandra Fructuoso, Livraria Cultura e equipe, Letícia Prudência Copiano, Zenaide Denardi,
Robson Silva, Haruan Instalações e equipe, Espaçolaser e equipe, Gita Make my Cake
e equipe, Gita Szmulewicz Szmulewicz, Syl Arte e equipe, Sylvana Cetinic, Salvia Alma
Retiros e equipe, Daniela Cecato Barbyeri, Edson Moreira e Van, Kazuo hair e equipe,
Nicolas Dantas, Helena Sebastiana, Pedro Paulo, Paula Maria, Fabiana Nogueira,
Junior Varela, Ana Gabriela Cóstackz, Lucas Manhani, Fabiana Caso, Renata Barcelos,
Renata Schulz, Rubens Torati, Felipe Menezes, Jaíne dos Santos, Bárbara Moreira,
Washington Pereira, Rosana Santos, Eliude, Lindalva Campelo de Macedo, Maria Gorete
Lima de Melo, José Nunes, Mario Nicoli, André Lazzari, Patrícia Alves, Felipe Cavalheiro,
Bjarni Thor Juliusson, Lienio Medeiros, Fernando Vitolo, Fujocka Creative Images, José Fujocka,
Danilo Antunes, Renata de Paula, Anderson Torres, Sueli Costa Varela, Solange Costa,
Juscelino Brasílio Gonzalis, Hjörvar Hjörleifsson, Sebastiana Costa, Irmãs de Criação,
Luciana Molisani, Rosana Molisani, Patricia Buglian, Karina Silva, Sandra Costa, Mary Costa,
Ivor Carvalho, Gabrielle Zake, Delta Serigrafia e equipe, Pinduca da Delta Serigrafia,
Imput Bureal e equipe, Reinaldo Salvioni, Sônia Maria, Sueide Maria, Anttônio Amoedo,
Marilia C Medeiros, Manoel Ubiratan, Pureza Pinheiro, Margarida Pinheiro, Jorge Pinheiro,
Rebeca Luiza da Costa Guimarães e João Neto. Aos meus ancestrais já solvidos no ar e para
sempre ao meu lado: meu avô João e minhas bisavós Kalinka e Nazaré.
Um agradecimento especial a Mario Nicoli sem o qual este projeto seria incrivelmente menor.