“A Chegada!”

“Em uma noite de abril, como um pássaro de fogo nos céus, eles chegaram. E nosso maior medo é que eles se pareçam conosco.
Em um campo, afastado dos grandes homens, uma forma jamais vista aterroriza apenas por lá estar. Temem nossa aproximação? Podem se defender de nós?
Embora muitos digam que sim, sua chegada não foi anunciada, pelo menos não a todos. A maioria de nos achava que estávamos sozinhos. O orgulho humano sempre se sustentou nos seus livros sagrados para colocar-lhes como especiais frente a tudo, até mesmo ao universo.
Temos medo!
A grande questão, se eles seriam hostis ou benevolentes. Como enfrentaram a adolescência tecnológica sem se autodestruírem e aqui chegaram? Será que vieram sabendo de nós? Será que foi premeditado? Eles nos observavam antes que pudéssemos saber? Ou foi tudo uma surpresa de um cruzeiro intergaláctico? Será que nos ouviam, ouviram nossos sinais? Nossos rastros no espaço? Eles são alguns dos muitos que chegarão? São únicos? Existem outros? Eles se visitam?
Temos medo e fascínio!
Misantropos comemoram a chegada, clérigos custam a admitir o óbvio, governos, com doçura e cuidado, admitem sua ineficiência frente aos visitantes.
Temos medo e dúvida!
Experimentaram a evolução? Ou foram criados? Somos primos distantes? Temos um ancestral em comum? Ou eles nem mesmo possuem um DNA? Existe um deus? Conceitos de Bem e mal? Ajudam-se quando necessário? Sua moral se parece com a nossa? Olharão para nós como superiores às outras formas de vida da Terra?
Sabemos como algo assim pode acabar… já fizemos isso antes durante nosso contato com sociedades que julgamos inferiores. Com que se parecem, o que querem? Vieram livrar os outros de nós? Passam-se os dias mais longos da humanidade. As incertezas nunca foram tão diabólicas.
Mas, em uma manhã, imóveis e silenciosos eles sobem…
Não vimos suas formas, sua biologia não nos foi revelada, não nos disseram “levem-nos a seu líder”, não dispararam armas, tampouco sorriram. Agiram com um dos sentimentos que mais poderiam enfurecer os humanos: indiferença e silêncio. Foram embora tão silenciosos como chegaram. Se um dia voltarão… não sabemos. Mas… infinitas questões e infinitas possibilidades residem nessa chegada.
Eles podem voltar e nosso maior medo é que eles se pareçam conosco.”

Trecho do Livro: O Pássaro de Fogo de Thiago Cóstackz

“Invasão e Retomada”

“Eles saíram das sombras da terra, do ar e das águas, não vieram de fora, estavam aqui antes de nós. Mas nós os enganamos, os aprisionamos, os testamos e os devoramos como se fossem uma macabra propriedade. Nunca nos perguntamos de quem era à posse do lugar, nunca nos perguntamos se eles deveriam ser livres ou se tinham uma alma. Um dia, eles resolveram não mais falar conosco, um pacto de silêncio tão antigo que os tempos nos fizeram esquecer suas vozes. Quando os outros chegaram, irrompendo os céus como pássaros de fogo, nós estávamos entre eles e os visitantes, que se uniram para nos exterminar como se nós fôssemos o pus que contamina o fungo e que infecta a mucosa. E então eles retomaram a Terra. Mas… não nos expulsaram e não nos mataram. Eles nos deixaram aqui, mas as regras, as nossas arrogantes regras, essas morreram. Tudo foi invasão e retomada.”

Trecho do Livro: O Pássaro de Fogo de Thiago Cóstackz